Às vezes, por um segundo, canso de ser boa, porque ser boa significa, muitas vezes, simultaneamente, ser trouxa. E eu estou exausta de ser trouxa constantemente. Sigo, exaustivamente, repetindo isso, que "não aguento mais ser trouxa", mas sigo sendo, sem limites, sem mudanças, só porque é quem eu sou. Mudar seria trocar de essência, invalidar quem realmente sou para ser algo novo que eu não gostaria de me tornar. Escrevo agora com lágrimas nos olhos, como se fosse uma novidade. Chorar parece rotina. É triste demais ser demais em um mundo de poucos e, ao mesmo tempo, ser tão pouco aos olhos de tantos. E, ainda sendo algo aos olhos de alguns, nunca ser suficiente.
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A vi sem intenção, sem perspectiva, sem reparar. Ali, em pé, trocando ideia com um dos maiores amores da minha vida. Logo após, ao precisar perguntar, fui respondida com carinho, mas a resposta ainda não estava disponível. Poucos minutos depois, veio ela, dedicada, empática, preocupada, informar que já havia resposta para o que eu precisava saber. E soube. Depois de um dia inteiro atípico, cansada, exausta física e mentalmente, a reencontrei para um adeus. Ali, já em um plantão de 24h quase no fim, ela me recebeu com um sorriso e a simpatia de sempre. Em uma troca simples de ideias, descobri que ela havia cursado sete períodos do mesmo curso que eu e, ao desistir, pareceu levar isso como um arrependimento na vida. Informei que ainda que eu tivesse cursado o que cursei, aquele dia inteiro dentro de um hospital me fez refletir se naquele ambiente eu não estaria mais feliz do que na minha atual profissão. Pensamos, as duas, por milésimos de segundos sobre aquelas falas. Eu notei no s
Dentre os muitos sonhos que poderia ter, sem dúvidas, um deles é esquecer o passado e saber se perdoar. Como seria mais fácil se fosse possível, mas parece não ser. Diziam que eu era perfeccionista e eu nem sempre concordava com essa afirmação, até que percebi que talvez o maior perfeccionismo que posso ter é comigo mesmo. Na busca de uma perfeição de vida sem erros, ao falhar, não sei aceitar, não sei permitir, não sei deixar para trás e seguir. Que tortura! É mentalmente torturante. É sabido que errar faz aprender, traz vivência, traz lição, traz o necessário até, seja lá qual ele for. Entretanto, que preço cruel. Sempre disse que jamais iria querer esquecer algo, apagar memórias, não lembrar. Hoje, contudo, me vejo pensando que se me fosse ofertado riscar de mim alguns equívocos, o faria. Apagá-los como já praticados seria impossível, não há retorno no tempo, mas apagá-los das lembranças... que sonho! E, conforme o tempo passa, a lista de erros se alonga e o peso é cada vez maior
Acordei da ilusão de culpar o universo ou os demais por problemas que são únicos meus. Reconheci que o defeito é aqui, a falha é minha, em vários aspectos, sem muita solução. É bom cair em si. Entender que não falta espaço no mundo, falta é noção na própria existência. Erros atrás de erros, equívocos infindáveis, alguns recorrentes, outros nem tanto, ante a criatividade inútil usada para cometê-los. Que desperdício de ar.
A gente sente o amor nas minúcias. É na besteira trazida para o outro quando se vai ao mercado; na ofensa que foi reprimida em um momento de raiva em prol do bem estar alheio; na mensagem de bom dia; no "vi e lembrei de você"; no beijinho ao chegar; no boa noite ao ir dormir; na satisfação que não é obrigação; na surpresa de data comemorativa; no silêncio a dois no escuro; nos abraços aleatórios; na prioridade; nos pequenos gestos de cuidado; na escuta atenta durante um desabafo; na troca de ideias; no aprendizado a dois; no sorriso compartilhado diante das pequenas alegrias do cotidiano; nas piadas bobas; na alegria pela eventual sintonia; na empatia; no estar presente; no bilhete escondido; na massagem e no carinho; nas danças sem sentido; no passeio juntos; na compreensão; no respeitar o espaço pessoal; nos desafios suportados juntos; no não desistir; nas mãos entrelaçadas ao caminhar; no elogio sincero; na verdade que dói, mas é a verdade; no fazer o que não se quer, mas
Cansada demais. Cansada até para felicitar o aniversário de alguém que deveria. Ou de guardar as muitas comidas no freezer para não estragarem. Para estar em redes sociais. Para conversar em aplicativo de mensagem. Para aturar coisa sem noção no trabalho. Para ter liberdade de não gostar, de não querer. Para entender o universo conspirando. Para viver o boom. Para melancolia. Para reclamar com o gato que arranha a porta e a cama. Para debater sobre quem está errado no grupo do condomínio. Para debater sobre quem está errado em qualquer situação. Para refletir sobre planos futuros. Para trocar lençol. Para corrigir argumentos errados. Para mostrar ser suficiente. Para entender não ser. Para querer demais. Para dar atenção ao de menos. Para pensar tão diferente. Para debater discussões sem sentido. Para querer trazer a memória aquilo que dá esperança. Para perseverar. Para organizar coisas que precisam ser organizadas. Para consultar códigos de rastreamentos. Para falar de sentimentos. P